Evangelho de João
Parte 6
No estudo
anterior, tratamos sobre a personalidade de Yochanan Hamatbil e a natureza do
seu ministério. Nos versos 6-8, o apóstolo João declara que João Batista,
apesar de sua proeminência e destaque na época, não era o Messias Prometido. E
o próprio João Batista tinha plena compreensão disso e afirmou:
Mateus 3:11
“Aquele que vem após mim é mais poderoso do que eu, que nem sou
digno de levar-lhe as alparcas.”
Marcos 1:7
“É mais poderoso do que eu, de quem não sou digno de,
inclinando-me, desatar a correia das alparcas.”
Apesar da sua
grandeza espiritual, o Messias que viria após Yochanan teria um ministério
muito mais elevado e sublime. O ministério de Yochanan (na virtude de Elias) é
comparado a um “corredor”, enquanto o ministério de Yeshua é o “salão
principal”. As pessoas se preparam no corredor para entrarem bem vestidas no
salão principal, da mesma forma, Yochanan batizava em águas para que o povo da
terra estivesse preparado para receber as águas da vida eterna, que só Yeshua
poderia dar.
Por isso, o
escritor do Evangelho dirá com todas as palavras:
João 1:8
“Ele não era a Luz, mas veio para dar testemunho da Luz.”
Uma testemunha
só é requerida quando há ignorância sobre um fato, ou quando se quer verificar
se o fato é verídico. Por isso, antes da aparição do Messias Prometido, D’us
envia uma testemunha fiel e verdadeira (João, na virtude de Elias) para
planificar as concepções de messianidade e retificar as expectativas que as
pessoas tinham com respeito ao Filho de D’us. Exatamente o que D’us proclama
como principal missão de Elias: “converter o coração dos pais aos filhos, e o
coração dos filhos a seus pais, para que Eu não venha, e fira a terra com
maldição” (Malaquias 4:6).
A que isso tudo
é comparado?
É como um
grande rei que deseja visitar uma de suas províncias, e antes de sua visita,
envia um mensageiro (testemunha) declarando a visita real com todos os seus
detalhes e nuances. Para que os aldeões não sejam pegos desprevenidos na visita
e acabem desonrando a presença do rei, por não terem se preparado.
A Lua também
atua na mesma função de uma testemunha, porque à noite ela reflete uma porção
da luz do Sol, e portanto, nos assegura a vinda dele. E quando o Sol começa a
brilhar, a Lua mesma tornar-se quase que invisível.
Ou seja, disso
aprendemos que uma verdadeira testemunha de Yeshua deve se auto anular a todo
instante em que estiver diante de seu Senhor, porque apenas assim ela cumprirá
sua missão de emissário (Shaliach). Como Shaul HaShaliach dirá: “Já estou
crucificado com o Mashiach; e vivo não mais eu, mas o Messias vive em mim”
(Gálatas 2:20).
Surge-nos a
pergunta: o que é estar crucificado com o Mashiach? As Santas Escrituras dirão:
“E os que são de Yeshua HaMashiach crucificaram a carne com as suas paixões e
concupiscências” (Gálatas 5:24). Ou seja, estar “crucificado com o Mashiach” é
abandonar sua velha natureza de pecados deliberados e transgressões alheias,
expurgando suas “trevas” de dentro si para que a verdadeira Luz alumie a alma
do ser humano.
Continuando com
o verso 9 do Evangelho, lemos:
“Ele é a Luz verdadeira, que alumia todo homem que vem ao mundo.”
Quando lemos as
várias versões bíblicas desse verso, encontramos duas formas de tradução para ele;
e elas são:
1.
“Pois
a verdadeira Luz, que alumia todo homem, estava chegando ao mundo.” (João
Ferreira de Almeida, versão 1967)
2.
“Ele
era a Luz verdadeira, aquela que ilumina a todo o homem que vem para o mundo.”
(Bíblia Literal do Texto Tradicional e King James Traduzida)
Analisando as
versões mais fidedignas ao texto original, como por exemplo, a tradução
hebraica de Franz Delitzsch, encontramos o veredito final como sendo a segunda
tradução. Ou seja, a melhor forma de traduzirmos o verso 9 do Evangelho de João
é da seguinte forma:
“Ele é a Luz verdadeira, que alumia todo homem que vem ao mundo.”
E nesse texto,
encontramos uma expressão muito interessante. O Apóstolo João nomeia Yeshua
como sendo “A Luz Verdadeira” (האור האמיתי). O
teólogo Albert Barnes traz o seguinte comentário:
“Ele não é um falso, incerto, perigoso guia,
mas sim, verdadeiro, real, firme e digno de confiança. Uma luz falsa é aquela
que leva ao perigo ou ao erro, pois um farol falso [i.e., que esteja mal
regulado] nas margens do oceano pode levar os navios a rochas ou a pântanos e
precipícios mortais. Uma luz verdadeira é aquela que não nos ilude, pois o
verdadeiro farol pode nos guiar para o porto ou nos alertar do perigo. O
Messias não se engana. Todos os falsos mestres, porém, o fazem.”
Yochanan diz que Yeshua é a verdadeira Luz, para nos ensinar que apenas
dele podemos aprender a completa verdade das Escrituras. Se não buscarmos o
discernimento existente em Yeshua, de nenhuma maneira, vamos alcançar o correto
entendimento da Palavra de D’us.
E essa Luz verdadeira resplandece sobre todo homem que vem a este mundo.
Não somente aos judeus, e nem tão pouco apenas para os gentios. Pois, sobre os
gentios, D’us mesmo dirá: “Te porei para Luz das nações, para seres a Minha
Salvação até a extremidade da terra” (Isaías 49:6); e, sobre Israel, o profeta
diz: “Levanta-te, ó Jerusalém, resplandece, porque é chegada a tua Luz, e é
nascida sobre ti a glória do Eterno” (Isaías 60:1).
Assim como o bebê vê a luz do mundo quando nasce, assim também, esta luz
celestial resplandece na alma de todo homem, para convencer do pecado, da
justiça e do juízo. E este tipo de nascimento espiritual não é dado por nenhum
outro a não ser pelo próprio D’us através do Seu Filho, como está dito: “os
quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, na da vontade do homem,
mas de D’us” (João 1:13).
O verso seguinte continua com a narração:
Yochanan 1:10
“Estava ele no mundo, e o mundo foi feito por
intermédio dele, e o mundo não o conheceu.”
.......................................................... Por Shmuel ben Avraham
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